Oktoberfest - Tudo sobre a origem do festival alemão
A 187ª edição do maior festival de cerveja do mundo terminou no último dia 3 de outubro, na Alemanha, com números impressionantes: ao longo de duas semanas, 5,7 milhões de visitantes de todo o mundo consumiram quase 6 milhões de litros da bebida, movimentando 1,2 bilhão de euros.
Sim, estamos falando da Oktoberfest, a tradicional festa realizada anualmente em Munique, capital da Baviera. E, acredite, apesar das altas cifras, a organização do evento considera que a edição de 2022 não foi das melhores, por conta da chuva e do frio. Para se ter uma ideia, em 2019, os visitantes beberam 7,3 milhões de litros de cerveja.
Hoje sinônimo de farra, bebida e muita diversão, o festival alemão começou há mais de 200 anos, em uma ocasião especial que pouca gente conhece. Acompanhe a leitura e descubra mais dessa história.
Origem da Oktoberfest
Esqueça os gigantescos canecos de cerveja, os milhares de turistas, a roda-gigante e as apresentações musicais. A origem do que hoje conhecemos como Oktoberfest é muito mais singela – e romântica – do que se imagina.
Em outubro de 1810, o príncipe-herdeiro Ludwig da Baviera (mais tarde rei Ludwig I) casou-se com Tereza da Saxônia (Therese von Sachsen-Hildburghausen). Todos os moradores de Munique foram convidados para a festança, que durou quase uma semana e teve como ponto alto uma corrida de cavalos.
O evento aconteceu em um parque distante da cidade, o Theresienwiese (batizado assim em homenagem à noiva) – onde até hoje a Oktober, como foi carinhosamente apelidada, é realizada.
O sucesso da festa de casamento foi tanto que, já no ano seguinte, uma nova celebração foi organizada. Ela ficou a cargo da associação agrícola da Baviera, que enxergou uma oportunidade de divulgar seu trabalho e promover o setor primário alemão. Assim, no lugar da corrida de cavalos, carroças carregando produtos rurais fizeram o desfile de abertura – o que acontece ainda hoje na Oktoberfest.
Apesar do nome, há muitos anos a festa começa em setembro, época em que as temperaturas no hemisfério norte ainda estão amenas (o que, já sabemos, não se confirmou neste ano). Normalmente ela é programada para terminar no primeiro domingo de outubro e começar 15 dias antes – ou seja, sempre em um sábado.
A abertura da festa é tradicionalmente feita pelo prefeito da cidade, que estoura o primeiro barril de cerveja e anuncia: O’zapft is! – o barril está aberto! Mas a bebida que virou o símbolo da Oktoberfest só passou a fazer parte do festival em 1918, quando foi liberada para ser servida durante o evento.
Datas e curiosidades sobre a Oktoberfest alemã
Ao longo de mais de 200 anos, conflitos, pandemias e outros eventos históricos levaram à suspensão da festa. O primeiro registro foi logo em 1813, quando, por conta das guerras napoleônicas, a então recém-criada celebração foi adiada pela primeira vez. O adiamento voltou a ocorrer durante a Primeira e a Segunda Guerra Mundial e, mais recentemente, em 2020 e 2021, devido à pandemia de Covid-19.
Em 1980, um marco triste: uma bomba detonada na entrada do festival matou 13 pessoas e feriu outras 200, no que foi considerado um dos piores atentados da história alemã.
Outros acontecimentos mais prosaicos – e felizes – também marcaram a festa nos últimos dois séculos. Foi em 1881, por exemplo, que a primeira tenda de frango assado à moda bávara serviu o quitute aos visitantes. Até hoje, o prato é um dos mais procurados do evento, junto com o salsichão branco com mostarda adocicada e o bretzel, um tipo de pão.
Nos últimos anos, ingredientes orgânicos e pratos veganos e vegetarianos têm sido cada vez mais procurados pelos visitantes. Segundo a organização do evento, o Kässpätzle (uma massa com queijo gratinada que lembra o mac n’cheese) já é quase tão consumida quanto o porco assado.
Mas a estrela da festa é, indiscutivelmente, a cerveja. Servida em canecos de 1 litro chamados de Maßkrug, a bebida pode ser vendida por apenas seis fabricantes dentro do evento. Todos precisam cumprir dois requisitos: seguir o tratado de regulamentação da produção assinado em 1516 e em vigor até hoje; e concentrar a fabricação da bebida dentro do perímetro urbano de Munique.
Depois de umas e outras, é comum que os visitantes tentam levar as canecas para casa como lembrança. A traquinagem, no entanto, é proibida e, só na edição deste ano, os seguranças “recapturaram” mais de 112 mil canecões na saída do festival!
Oktoberfest pelo mundo
O gosto dos alemães pela cerveja e pela Oktoberfest foi levado por imigrantes para outros países de origem alemã ao redor do mundo. Atualmente, Brasil, Argentina, Itália, Vietnã e Estados Unidos, entre outros, têm suas próprias versões do festival.
Uma das mais importantes acontece por aqui, em Blumenau (SC), que, com seus cerca de 700 mil visitantes anuais, orgulha-se de ter o maior festival fora da Alemanha. Assim como na original, a festa brasileira tem não apenas cerveja e pratos típicos, mas apresentações folclóricas, bandas, desfile de carros alegóricos e parque de diversões.
Curiosamente, o festival brasileiro nasceu a partir de um evento trágico. Em 1984, o Vale do Itajaí foi devastado após duas grandes enchentes assolarem Santa Catarina. Para levantar o moral da população e reaquecer a economia local, prefeitura e comunidade se uniram na criação de uma festa nos moldes da bávara.
Em sua 37ª edição, realizada em outubro, a “maior festa alemã das Américas”, teve 128 rótulos – 14 das cervejarias oficiais e 114 artesanais, algumas da própria região. Com uma mistura de culturas, o evento reúne imigrantes em trajes típicos, turistas de outros estados e estrangeiros em torno de uma paixão em comum: a cerveja. Saúde e longa vida à Oktober! Ein prosit!